Hoje é o Dia Internacional do Livro Infantil que se comemora na data de nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen que inventou muitas histórias lidas por todas as crianças do mundo.
Aqui fica a mensagem deste dia divulgada pelo IBBY (The International Board on Books for Young People) que este ano teve como país responsável a Irlanda. A mensagem é da escritora irlandesa Siobhán Parkinson e o cartaz foi criado pela autora e ilustradora Niamh Sharkey. Por cá a DGLB assinala esta data com a publicação de um cartaz da autoria da ilustradora Ana Biscaia.
Aqui fica a mensagem deste dia divulgada pelo IBBY (The International Board on Books for Young People) que este ano teve como país responsável a Irlanda. A mensagem é da escritora irlandesa Siobhán Parkinson e o cartaz foi criado pela autora e ilustradora Niamh Sharkey. Por cá a DGLB assinala esta data com a publicação de um cartaz da autoria da ilustradora Ana Biscaia.
Carta às crianças de todo o mundo
Os leitores perguntam muitas vezes aos escritores como é que escrevem as suas histórias – de onde vêm as ideias? Da minha imaginação, responde o escritor. Ah, sim, dizem os leitores. Mas onde fica a imaginação, de que é que ela é feita, e será que temos uma?
Bem, diz o escritor, fica na minha cabeça, claro, e é feita de imagens e palavras e vestígios de outras histórias e palavras e fragmentos de coisas e melodias e pensamentos e rostos e monstros e formas e palavras e ondas e arabescos e paisagens e palavras e perfumes e sentimentos e cores e ritmos e pequenos cliques e flashes e sabores e explosões de energia e enigmas e brisas e palavras. E fica tudo a girar lá dentro e a cantar e a parecer um caleidoscópio e a flutuar e a pousar e a pensar e a arranhar a cabeça.
Claro que todos temos uma imaginação: se assim não fosse, não seríamos capazes de sonhar. Contudo, nem todas as imaginações são feitas das mesmas coisas. A imaginação dos cozinheiros tem sobretudo paladares, e a dos artistas mais cores e formas. Mas a imaginação dos escritores está cheia de palavras.
E nos leitores e ouvintes das histórias, as imaginações fazem-se com palavras também. A imaginação do escritor trabalha e gira e molda ideias e sons e vozes e personagens e acontecimentos numa história, e a história é apenas feita de palavras, batalhões de rabiscos que marcham ao longo das páginas. E depois chega o leitor e os rabiscos ganham vida. Ficam na página, parecem ainda rabiscos, mas também brincam com a imaginação do leitor, e o leitor começa igualmente a desenhar e a rodar as palavras de modo a que a história se crie agora na sua cabeça, tal como tinha acontecido na cabeça do escritor.
É por isso que o leitor é tão importante para a história como o escritor. Há apenas um escritor para cada história, mas há centenas ou milhares ou mesmo milhões de leitores, na própria língua do escritor ou traduzida para muitas línguas. Sem o escritor, a história nunca terá nascido; mas sem os milhares de leitores em todo o mundo, a história não viveria todas as vidas que pode viver.
Cada leitor de uma história tem alguma coisa em comum com os outros leitores da mesma história. Separadamente, mas também em conjunto, eles recriam a história do escritor com a sua própria imaginação: um acto ao mesmo tempo privado e público, individual e colectivo, íntimo e internacional. Isto deve ser aquilo que o ser humano faz melhor.
Continua a ler!
Siobhán Parkinson
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